Psicoterapia para Gestantes
Gerar : mais do que mudanças corporais, é a construção de uma estado psíquico para a chegada do bebê
A gestação é uma jornada única e repleta de mudanças na vida de uma mulher. Ao longo da gestação, a futura mãe enfrenta não apenas um turbilhão de mudanças físicas e oscilações hormonais, mas também uma transformação emocional profunda. Essas mudanças emocionais podem ser influenciadas ainda por fatores externos, como condições de vida e relacionamentos.
Todas essas variáveis e mudanças podem desencadear na gestante uma variedade de emoções, como: ansiedade, estress, medo, alegria e até mesmo tristeza, sendo que não raro ocorrerem flutuações de humor intensas.
As mudanças corporais da mãe são indissociáveis das mudanças psíquicas pelas quais passa. Não é incomum que durante esse período, as mulheres se sintam "diferentes" e até "estranhas", pensando e/ou agindo de maneira diversa do que se reconhecem.
A relação entre a mãe e o bebê começa antes mesmo do parto. Durante os meses de gestação, a gestante constrói em seu psiquismo uma representação do bebê, que de início se apresenta para a mulher gestante quase que como um "estrangeiro", uma espécie de "intruso" em seu corpo, ainda que tenha sido desejado.
Uma das tarefas da mulher nesse período é a de, a partir das suas projeções e idealizações ancoradas na infância, transformar esse estrangeiro em familiar, gerando dentro de si um espaço psíquico para esse bebê imaginário.
Também há na gravidez uma mudança fundamental na mulher com respeito a referência de si mesma. A alteração corporal drástica induz a uma mudança da auto imagem , afetando deste modo a representação que a mulher tinha então de si (representação narcísica).
Quando tudo corre bem com essa mulher, do ponto de vista psicológico, esse processo é o que permite que no fim da gestação a futura mãe tenha criado dentro de si um espaço psíquico para o bebê real que dela nascerá. Desta forma, tanto quanto o seu bebê, a mulher necessita desse tempo de gestação para se "gerar" como mãe daquele bebê.
Nessa fase tão complexa, dúvidas sobre a capacidade de ser mãe, preocupações com o parto, alterações na imagem corporal e ajustes nos relacionamentos são questões que com frequência surgem e afetam a gestante.
Por isso, o acompanhamento psicológico durante a gestação é um passo valioso na preparação para a chegada do bebê e na promoção do bem-estar emocional da nova mãe. O espaço terapêutico não apenas reconhece e valida as complexidades emocionais próprias desse período, mas também auxilia na compreensão dessas emoções, contribuindo não apenas para enfrentar os desafios emocionais imediatos, mas também para o estabelecimento das bases para uma transição mais suave para a parentalidade. .
A Psicoterapia oferece um espaço seguro para explorar essas preocupações, permitindo que a gestante compartilhe suas angústias e preocupações. Além disso, ajuda a fortalecer os laços familiares, envolvendo parceiros e familiares na compreensão e apoio às necessidades emocionais da gestante, o que contribui para uma base sólida de suporte emocional contínuo após o nascimento do bebê.
O acompanhamento psicológico é particularmente vital em situações de gestações de alto risco, complicações médicas ou quando há histórico de transtornos mentais. Nesses casos, a intervenção precoce pode ser crucial.
O que é depressão gestacional ou pré-parto?
A depressão gestacional, popularmente conhecida como "depressão pré-parto", é o nome que se dá à depressão que ocorre durante a gravidez e que é deflagrada pelas mudanças que a mulher sofre nesse período. Os sintomas também são os mesmos da depressão comumente conhecida: tristeza, pessimismo, alterações no apetite, alterações no sono, entre outros sintomas. Muitos dos quadros de depressão pós-parto já eram depressões gestacionais que não foram identificadas como tal. Isso porque os sintomas como cansaço, alteração de sono ou apetite e insegurança são facilmente confundidos como os sintomas corriqueiros da gravidez e, assim, tendem a passar desapercebidos. Por isso é importante ficar alerta e buscar ajuda psicológica para tratar sintomas que se pareçam com os depressivos especialmente nesse período tão vulnerável.